segunda-feira, 12 de maio de 2014

Uma questão de história






        Estava vendo um filme americano, como sempre. E por mais ridículo que possa parecer estavam valorizando os feitos de um cavalo na Tríplice coroa, um derby, que na verdade se aposta e o proprietário ganha um prêmio.
        Eu pessoalmente não me interesso por corridas de cavalo, principalmente em um país onde o jogo é proibido, mas tem Jockey Club, Loteria esportiva, mega-sena, rapadinha e outras variedades de jogatinas promovidas pelo governo e a Caixa Federal. Como disse nunca me interessei, mas meu avô era fanático.
        Em um país como o nosso com enormes diferenças econômicas regionais, proibir jogo talvez não seja uma das grandes formulas para se evitar a pobreza de regiões, principalmente as áridas.
        Mas vamos voltar ao assunto principal, a lembrança, ou o fato histórico que os americanos sabem muito bem valorizar e vender. E com isso, quero dizer que nós não.
        Então comecei a pensar, nos grandes nomes que estão morrendo, ou nos deixando para uma pátria mais amena e mais amorosa que a nossa. Mas estão nos deixando. E a nossa gratidão a esse pessoal que nos instruiu, mostrou de uma forma dura ou doce quem somos como brasileiros. Que puderam fazer verdadeiras poesias nos dando uma identidade para que pudéssemos admirar. Realmente estão a 7 palmos do solo e só.
        Nosso povo é assim, não está preocupado em agradecer à vida que nos foi dada, mas apenas reclamar de seus supostos direitos.
        Então me lembrei de Luis Gonzaga e muitos outros, mas parei em Luiz Gonzaga. Por quê? Simples, por causa de Asa Branca. Poucos se lembram de Humberto Teixeira o autor da letra da música, que é extremamente sensível à dificuldade do nordestino, cantando o seu sofrimento e dor.
        Realmente esta música, a meu ver, virou um hino ao nordeste brasileiro, pela simplicidade e representar tão bem uma época de luta e dor daquele povo que também somos nós.
        Com ela o sul e sudeste passaram a ser execrados porque era o sul maravilhoso em relação ao nordeste pobríssimo e assim muito nordestino se viu obrigado a sair de seu solo amado e migrar para o cimento armado de São Paulo ou Rio de Janeiro, fugindo da seca que tanto os martirizava.
        Obviamente as relações culturais foram conflitantes, pois eram distintas. Uma derivada de uma colonização portuguesa sobre uma cultura indígena, com uma filosofia muito mais voltada ao procurar por suas necessidades que organizar a sua obtenção pelo trabalho.
        O Sudeste, principalmente São Paulo, voltado à industrialização e ao trabalho pelo grande número de imigrantes europeus que aqui chegaram com uma visão de progresso e lucro, pois conheciam isso na Europa. Aqui principalmente vieram italianos que souberam trabalhar e progredir, como outros imigrantes de outros países, Espanha, Alemanha, Japão, alguns do leste Europeu e na década de 50 do século XX, árabes, judeus, libaneses e outros povos, pois o Brasil se industrializava, principalmente São Paulo com o dinheiro do café.
        O capital financeiro se fixou em São Paulo e o burocrático no Rio de Janeiro o que formou uma cultura distinta entre esses dois estados vizinhos, mas que recebeu os nordestinos pela necessidade de mão de obra barata.
        O choque cultural foi evidente, por hábitos distintos das duas culturas. Inicialmente os nordestinos foram os errados que invadiram nossas praças e a nossa tranquilidade e depois de um tempo, ou mais precisamente, atualmente, os naturais ficaram sendo os vilões pelo preconceito que tratavam ou tratam os migrantes. Na verdade nem um nem outro são responsáveis pela dificuldade, pois os nordestinos tiveram que alterar o seu hábito e os naturais tiveram que aceitar os seus hábitos distintos e diferenciados daquilo que eles consideram normal ou natural.
        Uma época que trabalhava em uma multinacional muito conceituada no mercado brasileiro houve uma dispensa de um gerente relativamente poderoso da empresa. Como em todo lugar há sempre uma disputa entre os comandantes de algum poder. Que o substituiu foi seu braço direito que não tinha muito poder sobre os subordinados. Estes subordinados percebendo que podiam ter força e impor uma melhoria de condições de trabalho começaram a pressionar o novo gerente e com eles eram uma maioria ele teve que se sujeitar ás suas reivindicações. Foi um ano de maravilhas. Viagens para Europa, cursos pagos de aperfeiçoamento, aumentos de salário acima da média, obviamente para o escalão imediato, nunca para a ralé que realizava o trabalho de campo ou que enfrentava os clientes.
        Em um determinado momento o novo gerente se sentindo forte o suficiente para impor a sua forma de administrar, começou a destruir a união que eles tinham, pois como estavam se sentido seguros, começaram a entregar confidências e em reuniões com o grupo todo, o gerente começou a questionar os atos falhos de alguns e indicar quem os denunciou.
        Isso levou a dissolução da união e assim ele pode voltar a ter o poder todo em suas mãos, não tendo mais a necessidade de dar mordomias ou benefícios aos subordinados.
        É exatamente isso que Hitler fez, jogando o povo alemão contra os judeus, pois assim teria liberdade de cometer suas atrocidades e não ser notado ou meramente ser aceita pela população como uma coisa correta ou um mal necessário. O mesmo vem ocorrendo no Brasil.
        Como a constituição determina que em uma democracia há três poderes distintos para realizar as tarefas básicas de um país sendo o Executivo, o responsável pela manutenção da Saúde, Educação, Segurança do país. O Legislativo responsável pelas leis que vão dar sentido à nação como nação e pô-la no rumo do desenvolvimento e da decência. E por fim o Judiciário que se valerá das leis estabelecidas pelo Legislativo para julgar se elas foram cumpridas ou não e assim punir o infrator que as cometeu.
        Como vemos apesar de terem sido julgados e condenados em um tribunal televisionado, o governo atual se vale de uma força de suposto apoiadores para imporem ameaças à sociedade como Hitler fez quando mandava seus SA sair e impor aos desavisados judeus seus ataques. Isso aconteceu com o Presidente do STF por ter condenado, como disseram, seus líderes ou exemplos.
        Esta é uma técnica que o atual governo vem utilizando para vencer eleições e a descarada compra de votos oficializada para garantir que continuem governando.
        Mas vamos voltar a Asa Branca. O problema do nordeste brasileiro já havia demonstrado ser preocupante no 2º Império quando D.Pedro II mandou alguns recursos para auxiliar o nordestino com a grande seca que estavam passando. Mas ao que parece apenas favoreceu para que surgisse um grande negócio aos oportunistas de plantão para implantarem a Indústria da seca e assim não desenvolverem a região permitindo que ela ficasse sempre dependente dos recursos do Império ou da União e fazendo com que nas crises mais do povo deixasse a sua região para migrar para o sul maravilha e sem preparo ou compreensão terem o choque cultural dando lhes um maior sofrimento que terem que alterar suas raízes e tentá-las fazer florescer em um lugar onde o cimento é a marca registrada.
        Asa Branca pode ser um Hino, mas apenas descreve a situação do nordestino e sua dor que deveria sensibilizar o governante seja local ou federal, que apenas acredita que fazer caridade é dar dinheiro. Essa é a forma mais rasa de caridade e a pior pois não ensina ninguém a pescar.
        Veja o Canadá, poderia falar da Rússia, Alemanha, Holanda, mas vamos ao Canadá é um país que tem bem mais de 60% de seu território coberto de neve o ano todo, no entanto eles competem em exportação com o Brasil em vários produtos e mesmo na agropecuária e estão à frente do Brasil com um PIB superior ao nosso. Por quê? Seria uma pergunta muito boa.
        Como há áreas agricultáveis que sofrem com o gelo, há períodos que podem plantar nessas áreas, pois o gelo derrete. E aprenderam com a natureza, o melhor momento e como lidar quando chega a neve. Foi uma luta que levou tempo e estudo para que pudessem sobreviver na região.
        No nordeste o problema é a seca e assim a falta de água que é vital à agricultura e agropecuária, apesar do solo ser rico em nutrientes e ter a possibilidade de realizar poços artesianos e outros meios para se obter água e estabilizar de alguma forma a agricultura e posteriormente a agropecuária.
        É uma luta e muito estudo e experimentos que permitiram superar a dificuldade, onde todo o dinheiro desviado para subsidiar grandes proprietários, nada mais é uma garantia para que eles continuem sobrevivendo sem efetivamente solucionar o problema.
        A dificuldade nos é dada para que possamos superá-la com a nossa inteligência e nunca com a nossa ganância, o que parece que o governo brasileiro em dois séculos de independência ainda não conseguiu aprender essa lição tão simples e com isso permito que a responsabilidade da situação atual e sem ainda uma solução que fixe o nordestino em sua terra que tanto ama, coloco nas costas de todos os governos desde o segundo Império até o governo atual. Mas como todos eles são malandros permitem que um momento seja o nordestino o responsável de atrapalhar a tranquilidade da vida, outra são os paulistas os vorazes preconceituosos da sanha nordestina.
        Percebam que os culpados ou responsáveis são os dirigentes que elegemos e empresários nordestinos e sulistas que por mão de obra barata e subsídios permitem que a situação se prolongue. Este é o alvo e não o povo pobre mortal que tenta sobreviver com as condições escassas que um governo caro permite que tenhamos, sem saúde pública, educação pública de qualidade e segurança pública efetiva, onde podemos ir e vir sem que sejamos assaltados em cada esquina da cidade. Pensem nisso e vejam o que podem fazer para mudar a situação, mas nunca pela força ou linchamento.

        Gandhi mudou a realidade da Índia com jejum e paz. Pense nisso.

       Tudo isso que escrevi foi para tentar lembrar de grandes homens, mas também dos péssimos que não deram ou não conseguiram por razões de força política resolverem situações cruciais à nossa nação.

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