Estava
vendo um filme americano, como sempre. E por mais ridículo que possa parecer
estavam valorizando os feitos de um cavalo na Tríplice coroa, um derby, que na
verdade se aposta e o proprietário ganha um prêmio.
Eu
pessoalmente não me interesso por corridas de cavalo, principalmente em um país
onde o jogo é proibido, mas tem Jockey Club, Loteria esportiva, mega-sena,
rapadinha e outras variedades de jogatinas promovidas pelo governo e a Caixa
Federal. Como disse nunca me interessei, mas meu avô era fanático.
Em
um país como o nosso com enormes diferenças econômicas regionais, proibir jogo
talvez não seja uma das grandes formulas para se evitar a pobreza de regiões,
principalmente as áridas.
Mas
vamos voltar ao assunto principal, a lembrança, ou o fato histórico que os
americanos sabem muito bem valorizar e vender. E com isso, quero dizer que nós
não.
Então
comecei a pensar, nos grandes nomes que estão morrendo, ou nos deixando para
uma pátria mais amena e mais amorosa que a nossa. Mas estão nos deixando. E a
nossa gratidão a esse pessoal que nos instruiu, mostrou de uma forma dura ou
doce quem somos como brasileiros. Que puderam fazer verdadeiras poesias nos
dando uma identidade para que pudéssemos admirar. Realmente estão a 7 palmos do
solo e só.
Nosso
povo é assim, não está preocupado em agradecer à vida que nos foi dada, mas
apenas reclamar de seus supostos direitos.
Então
me lembrei de Luis Gonzaga e muitos outros, mas parei em Luiz Gonzaga. Por quê?
Simples, por causa de Asa Branca. Poucos se lembram de Humberto Teixeira o
autor da letra da música, que é extremamente sensível à dificuldade do
nordestino, cantando o seu sofrimento e dor.
Realmente
esta música, a meu ver, virou um hino ao nordeste brasileiro, pela simplicidade
e representar tão bem uma época de luta e dor daquele povo que também somos
nós.
Com
ela o sul e sudeste passaram a ser execrados porque era o sul maravilhoso em
relação ao nordeste pobríssimo e assim muito nordestino se viu obrigado a sair
de seu solo amado e migrar para o cimento armado de São Paulo ou Rio de
Janeiro, fugindo da seca que tanto os martirizava.
Obviamente
as relações culturais foram conflitantes, pois eram distintas. Uma derivada de
uma colonização portuguesa sobre uma cultura indígena, com uma filosofia muito
mais voltada ao procurar por suas necessidades que organizar a sua obtenção
pelo trabalho.
O
Sudeste, principalmente São Paulo, voltado à industrialização e ao trabalho
pelo grande número de imigrantes europeus que aqui chegaram com uma visão de progresso
e lucro, pois conheciam isso na Europa. Aqui principalmente vieram italianos
que souberam trabalhar e progredir, como outros imigrantes de outros países,
Espanha, Alemanha, Japão, alguns do leste Europeu e na década de 50 do século
XX, árabes, judeus, libaneses e outros povos, pois o Brasil se industrializava,
principalmente São Paulo com o dinheiro do café.
O
capital financeiro se fixou em São Paulo e o burocrático no Rio de Janeiro o
que formou uma cultura distinta entre esses dois estados vizinhos, mas que
recebeu os nordestinos pela necessidade de mão de obra barata.
O
choque cultural foi evidente, por hábitos distintos das duas culturas.
Inicialmente os nordestinos foram os errados que invadiram nossas praças e a
nossa tranquilidade e depois de um tempo, ou mais precisamente, atualmente, os
naturais ficaram sendo os vilões pelo preconceito que tratavam ou tratam os
migrantes. Na verdade nem um nem outro são responsáveis pela dificuldade, pois
os nordestinos tiveram que alterar o seu hábito e os naturais tiveram que
aceitar os seus hábitos distintos e diferenciados daquilo que eles consideram
normal ou natural.
Uma
época que trabalhava em uma multinacional muito conceituada no mercado
brasileiro houve uma dispensa de um gerente relativamente poderoso da empresa.
Como em todo lugar há sempre uma disputa entre os comandantes de algum poder. Que
o substituiu foi seu braço direito que não tinha muito poder sobre os
subordinados. Estes subordinados percebendo que podiam ter força e impor uma
melhoria de condições de trabalho começaram a pressionar o novo gerente e com
eles eram uma maioria ele teve que se sujeitar ás suas reivindicações. Foi um
ano de maravilhas. Viagens para Europa, cursos pagos de aperfeiçoamento,
aumentos de salário acima da média, obviamente para o escalão imediato, nunca
para a ralé que realizava o trabalho de campo ou que enfrentava os clientes.
Em
um determinado momento o novo gerente se sentindo forte o suficiente para impor
a sua forma de administrar, começou a destruir a união que eles tinham, pois
como estavam se sentido seguros, começaram a entregar confidências e em
reuniões com o grupo todo, o gerente começou a questionar os atos falhos de
alguns e indicar quem os denunciou.
Isso
levou a dissolução da união e assim ele pode voltar a ter o poder todo em suas
mãos, não tendo mais a necessidade de dar mordomias ou benefícios aos
subordinados.
É
exatamente isso que Hitler fez, jogando o povo alemão contra os judeus, pois
assim teria liberdade de cometer suas atrocidades e não ser notado ou meramente
ser aceita pela população como uma coisa correta ou um mal necessário. O mesmo
vem ocorrendo no Brasil.
Como
a constituição determina que em uma democracia há três poderes distintos para
realizar as tarefas básicas de um país sendo o Executivo, o responsável pela
manutenção da Saúde, Educação, Segurança do país. O Legislativo responsável
pelas leis que vão dar sentido à nação como nação e pô-la no rumo do
desenvolvimento e da decência. E por fim o Judiciário que se valerá das leis estabelecidas
pelo Legislativo para julgar se elas foram cumpridas ou não e assim punir o
infrator que as cometeu.
Como
vemos apesar de terem sido julgados e condenados em um tribunal televisionado,
o governo atual se vale de uma força de suposto apoiadores para imporem ameaças
à sociedade como Hitler fez quando mandava seus SA sair e impor aos desavisados
judeus seus ataques. Isso aconteceu com o Presidente do STF por ter condenado,
como disseram, seus líderes ou exemplos.
Esta
é uma técnica que o atual governo vem utilizando para vencer eleições e a
descarada compra de votos oficializada para garantir que continuem governando.
Mas
vamos voltar a Asa Branca. O problema do nordeste brasileiro já havia
demonstrado ser preocupante no 2º Império quando D.Pedro II mandou alguns
recursos para auxiliar o nordestino com a grande seca que estavam passando. Mas
ao que parece apenas favoreceu para que surgisse um grande negócio aos oportunistas
de plantão para implantarem a Indústria da seca e assim não desenvolverem a
região permitindo que ela ficasse sempre dependente dos recursos do Império ou
da União e fazendo com que nas crises mais do povo deixasse a sua região para
migrar para o sul maravilha e sem preparo ou compreensão terem o choque
cultural dando lhes um maior sofrimento que terem que alterar suas raízes e
tentá-las fazer florescer em um lugar onde o cimento é a marca registrada.
Asa
Branca pode ser um Hino, mas apenas descreve a situação do nordestino e sua dor
que deveria sensibilizar o governante seja local ou federal, que apenas
acredita que fazer caridade é dar dinheiro. Essa é a forma mais rasa de
caridade e a pior pois não ensina ninguém a pescar.
Veja
o Canadá, poderia falar da Rússia, Alemanha, Holanda, mas vamos ao Canadá é um
país que tem bem mais de 60% de seu território coberto de neve o ano todo, no
entanto eles competem em exportação com o Brasil em vários produtos e mesmo na
agropecuária e estão à frente do Brasil com um PIB superior ao nosso. Por quê?
Seria uma pergunta muito boa.
Como
há áreas agricultáveis que sofrem com o gelo, há períodos que podem plantar
nessas áreas, pois o gelo derrete. E aprenderam com a natureza, o melhor
momento e como lidar quando chega a neve. Foi uma luta que levou tempo e estudo
para que pudessem sobreviver na região.
No
nordeste o problema é a seca e assim a falta de água que é vital à agricultura e
agropecuária, apesar do solo ser rico em nutrientes e ter a possibilidade de
realizar poços artesianos e outros meios para se obter água e estabilizar de
alguma forma a agricultura e posteriormente a agropecuária.
É
uma luta e muito estudo e experimentos que permitiram superar a dificuldade,
onde todo o dinheiro desviado para subsidiar grandes proprietários, nada mais é
uma garantia para que eles continuem sobrevivendo sem efetivamente solucionar o
problema.
A
dificuldade nos é dada para que possamos superá-la com a nossa inteligência e
nunca com a nossa ganância, o que parece que o governo brasileiro em dois
séculos de independência ainda não conseguiu aprender essa lição tão simples e
com isso permito que a responsabilidade da situação atual e sem ainda uma
solução que fixe o nordestino em sua terra que tanto ama, coloco nas costas de
todos os governos desde o segundo Império até o governo atual. Mas como todos
eles são malandros permitem que um momento seja o nordestino o responsável de
atrapalhar a tranquilidade da vida, outra são os paulistas os vorazes
preconceituosos da sanha nordestina.
Percebam
que os culpados ou responsáveis são os dirigentes que elegemos e empresários
nordestinos e sulistas que por mão de obra barata e subsídios permitem que a
situação se prolongue. Este é o alvo e não o povo pobre mortal que tenta
sobreviver com as condições escassas que um governo caro permite que tenhamos,
sem saúde pública, educação pública de qualidade e segurança pública efetiva,
onde podemos ir e vir sem que sejamos assaltados em cada esquina da cidade.
Pensem nisso e vejam o que podem fazer para mudar a situação, mas nunca pela
força ou linchamento.
Gandhi
mudou a realidade da Índia com jejum e paz. Pense nisso.
Tudo isso que escrevi foi para tentar lembrar de grandes homens, mas também dos péssimos que não deram ou não conseguiram por razões de força política resolverem situações cruciais à nossa nação.
Tudo isso que escrevi foi para tentar lembrar de grandes homens, mas também dos péssimos que não deram ou não conseguiram por razões de força política resolverem situações cruciais à nossa nação.